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maris e mitzi

Mudando a vida de crianças e adolescentes

Sobre

““Penso que toda a ação é gerada por um incômodo. É um sentimento de que as coisas não precisam ser como são, de que podem ser diferentes. De que a dor do outro é tão relevante quanto a minha”

(Mitzi Moura)

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Incômodo com desigualdade inspira irmãs a criarem ONG que muda a vida de crianças e adolescentes

Os obstáculos de uma vida, cheia de surpresas, nunca fizeram essas irmãs deixarem de acreditar em seu propósito, de olhar para o outro. Elas idealizaram e conseguiram criar a Terra Livre, uma organização privada de assistência social, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosas que atua por meio da arte, educação e solidariedade na defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

As irmãs Maris Amado Teixeira de Moura, 49 anos, promotora de justiça aposentada, e Mitzi Amado Teixeira de Moura, 43, filhas de mãe carioca e pai paulistano, costumam dizer que a Terra Livre nasceu de um sentimento incomum: o incômodo. “Penso que toda a ação é gerada por um incômodo. É um sentimento de que as coisas não precisam ser como são, de que podem ser diferentes. De que a dor do outro é tão relevante quanto a minha”, frisou Mitizi.

Para ela, os reflexos culturais e estruturais são fortes em uma sociedade que não é igual. “Quando falamos de igualdade de direitos em uma sociedade tão desigual quanto a nossa, estamos falando em mexer em questões estruturais e culturais muito arraigadas e todos os tipos de obstáculos e desafios estão nesse caminho. Estamos falando de sensibilizar as pessoas mais privilegiadas e empoderar as pessoas excluídas de oportunidades que, segundo a nossa lei, devem ser iguais para todos e todas. Estes são nossos dois públicos-alvo na ONG: privilegiados e excluídos”, afirmou Mitzi.

Mitzi, segundo relato de Maris, foi a primeira a sentir esse sentimento de incômodo, essa vontade de que o “outro também estivesse feliz”. À época, Mitizi estava sensibilizada e já desenvolvia algumas ações com moradores de rua. “Então, nossa primeira atitude como grupo (nós duas, meu marido e uma amiga) foi entregar alimentos e conversar com um senhor de idade, morador de rua. Logo em seguida, vários amigos queridos (mais ou menos dez) se engajaram e então começamos a, informalmente, frequentar orfanatos, hospitais, etc. Até que resolvemos nos oficializar como associação e então fundamos o Movimento Terra Livre, que agora em janeiro completou 24 anos”, lembrou Maris, que junto com a irmã fundou a ONG em 1997.

Mas, enquanto lutavam pela criação da ONG, Maris começava um importante processo de superação. Apesar de aprovada em um concurso público para promotora de justiça, Maris teve de enfrentar um de seus maiores desafios: a dor de precisar interromper a carreira e deixar a profissão. Em meio a carreira de promotora de justiça, ela foi diagnosticada com Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho. “Da minha parte, foi duríssimo aceitar que a profissão que eu tanto amava estava me adoecendo. Com o suporte do Ministério Público, através da sensibilidade e confiança dos colegas que então o lideravam, mudei do Rio para Goiânia para facilitar o tratamento de saúde, enquanto buscávamos diferentes promotorias e até áreas administrativas, tentando achar assuntos que me fossem mais amenos”, relatou.

No entanto, naquela altura, Maris já havia tido uma perda de memória importante que começava a aparecer e prejudicar o trabalho, além de outros tantos problemas. “Após anos de perícias médicas pela junta oficial do Estado, foi decidido que eu não tinha mais condições de exercer a profissão, passando a enfrentar a dor de uma aposentadoria precoce”. Ela contou que, após ter trabalhado por muitos anos numa comarca no nordeste goiano, começou a ter alguns problemas de saúde e buscava médicos especialistas para cada sintoma que surgia. Para as ininterruptas dores de cabeça buscava neurologista, para as úlceras consecutivas, o gastro, etc. “Anos depois, com o corpo e a mente exaustos por não conseguir tratar os sintomas que se acumulavam, lidei com uma forte depressão, o que me fez buscar suporte psicológico e psiquiátrico, para cuidar da mente e das emoções”, disse. 

Mas, mesmo com tudo isso, a ideia inicial de querer ajudar o próximo sempre esteve presente, Maris relembra que a entrada no Ministério Público exigiu dela muita certeza de realmente querer promover justiça. Após formada, foram três anos e meio de estudo exclusivo, somente alcançando a aprovação no 12º concurso público. Como sua intenção era morar fora do eixo Rio-São Paulo, num lugar que tivesse melhor qualidade de vida, começou a viajar fazendo concursos e

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buscando escolher um estado que eu gostasse, para então construir família com seu namorado, que também queria sair do Rio. “Nessas andanças, gostei muito de Goiás, ficando impactada pela gentileza e abertura do seu povo, assim como pelas belezas naturais. Decidi que era nele que queria morar, então, me mudando inicialmente sozinha, para estudar e me focar em passar no concurso do Ministério Público do Estado de Goiás. Em seguida se mudou também o meu então namorado, hoje meu marido, e, logo depois, também a minha irmã”, contou.

Naquela época, Maris já sentia o peso da responsabilidade de ter sucesso na nova empreitada. “Cheguei a pensar que seu eu não passasse no concurso naquele ano, quem sabe eu poderia conseguir um emprego como caixa em algum mercado com pouco movimento, para que eu pudesse ter ali um livro de Direito no colo, e pudesse continuar a estudar até alcançar minha meta. Que não era uma meta apenas pessoal de ter um emprego estável, mas era a vazão para a inquietude e a energia de poder contribuir para trazer Justiça ao nosso mundo, lugar de tantas injustiças”, afirmou. Assim sendo, O sucesso veio alguns meses depois, em 1998, quando foi aprovada no tão sonhado concurso, o que acabou provocando também a mudança de seus pais e de um total de dez pessoas da sua família para Goiás. Em seguida se mudou também o meu então namorado, hoje meu marido, e, logo depois, também a minha irmã”, contou.

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SONHOS E PANDEMIA

Sonhos bons, são sonhos realizados. Atualmente, um dos sonhos das irmãs é fortalecer a Terra Livre como uma ONG mais ativa com as demandas sociais do momento atual, seja na afirmação de sua própria identidade como agente nas causas humanitárias para diminuir o abismo que a injustiça social provoca, seja na capacitação da equipe de educadores sociais, psicóloga e assistente social para terem melhores habilidades para compreenderem toda a dinâmica das violências (doméstica, institucional, estrutural, etc.) e assim intervirem de maneira mais

eficaz com público da instituição: crianças, adolescentes e famílias em situação de exclusão social. Com o acolhimento, tratamento de traumas, superação e empoderamento.

 

Segundo Maris, com a pandemia e a suspensão das atividades presenciais para as cem crianças e adolescentes que a Terra Livre atende diariamente, eles tiveram que estar em casa todo o tempo, sem as quatro refeições que são oferecidas, sem a presença cuidadosa das educadoras sociais (pedagogas que realizam as oficinas) e muitos presenciando por mais tempo e mais vezes a violência doméstica na qual se vêem inseridos. Veio, então, a necessidade da ONG se adaptar às dificuldades impostas pela pandemia e passar a entregar cestas básicas, uma vez que a ONG acompanha a situação de fome pela qual passam várias famílias. Além disso, passaram a orientar juridicamente as mulheres vítimas de violência, assim como apoiá-las na reconstrução de suas vidas.

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“Minha clareza para as próximas ações veio daí, desse sofrimento. Almejo que a socioeducação que proporcionamos contribua para que meninos cresçam mais empáticos e hábeis em resolver pacificamente os conflitos, e que meninas cresçam reconhecendo seu valor e suas potências. Que as nossas crianças brancas cresçam entendendo que seus pontos fortes não vem da sua raça ou cor da pele, e que as negras cresçam orgulhosas de sua aparência e com lucidez de quem ao entender o mecanismo do preconceito, consegue ir além dele”, salientou Maris.

INSPIRAÇÃO

 

Vem de Maris também um convite à reflexão: “mantenham aquecidos e pulsantes os seus corações para olhar para cada criança e adolescente em sofrimento, como se fosse seu próprio filho, sobrinho, ou afilhado. Que expandam sua empatia para que ela se torne ação e atitude constante, não importa se pequena ou grande. Minha aspiração é que compreendamos que, independente de divergências - de interesses ou pontos de vista - a paz é possível. E eu acredito que construí-la é a melhor felicidade que podemos alcançar”, aconselha.

Motivar, inspirar pessoas. Assim é a história dessas duas irmãs que lutam para ajudar o próximo. E nada mais justo do que uma ser inspiração para outra e vice-versa. Mitzi Moura não mede as palavras ao falar de Maris. “Para mim, minha irmã, única irmã, representa apoio, porto seguro, amor e cuidado em ação. Uma referência forte do que é verdade e justiça. Um exemplo de integridade e ética das mais elevadas que já vi. Talvez a mais elevada. É como uma mãe poderosa que quer abraçar a todos os seres, especialmente os que mais precisam. Um farol, uma luz, um alento para a humanidade. Um ser humano raro que tenho o privilégio de conhecer e conviver de perto”, finalizou.

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