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EKATERINA

Premiada profissional da Medicina Veterinária

Sobre

“Ao olhar ao meu redor me surpreendo, cada dia mais, com a capacidade de trabalho, conhecimento, profissionalismo e ética demonstrados pelas mulheres cientistas, que assim vão derrubando preconceitos, ganhando reconhecimento e, que juntas com os homens, fazem a grandeza de nosso país. ”

(Ekaterina)

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Com nome de origem russa, mas coração goiano, Ekaterina Akimovna Botovchenco Rivera é uma premiada profissional da Medicina Veterinária

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A médica veterinária e pesquisadora, Dra. Ekaterina Akimovna Botovchenco Rivera, é uma reconhecida ganhadora de títulos concedidos de forma pioneira para sua área de atuação. O último ela recebeu em 2020, uma premiação internacional, o Charles River Award. Dra. Ekaterina foi a primeira profissional de Medicina Veterinária fora dos Estados Unidos a receber esse prêmio, concedido pela American Association for Laboratory Animal Science.

Completam a relação de honrarias outorgadas à médica veterinária o Título de Pesquisadora Emérita do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), edição 2019 – sendo a primeira médica veterinária a ter esse título. Até então, a lista na Medicina Veterinária contemplava apenas homens. E, ainda, em 2017, Ekaterina Rivera foi a primeira pessoa na história da Universidade Federal de Goiás (UFG) a conquistar o Título de Notório Saber, um diploma equivalente a um doutorado acadêmico.

Para a profissional, os três prêmios, bastante distintos entre si, possuem algo em comum. “Todos premiaram minha trajetória profissional, a soma de ideais que consegui realizar.” Ao falar das emoções por ter uma carreira valorizada, a médica veterinária não deixa de dar créditos aos profissionais que a antecederam. “É uma soma de surpresa, de incredulidade, de orgulho, de humildade, de sentir que valeu a pena seu trabalho, de querer dividir com todos esta alegria. Pois sim, dividir, ninguém anda sozinho, como já disse em outras ocasiões. Se cheguei onde cheguei é porque encontrei um caminho já trilhado pelo trabalho daqueles que me antecederam, trabalho conjunto dos que me acompanharam e agora, deixo como legado, caminho para aqueles que continuarão a missão”, confirma a veterinária, para quem cada um dos títulos a “fizeram sentir o peso da responsabilidade e me deram mais entusiasmo para continuar a participar da educação nesta área da ciência em nosso país.”

USO DE ANIMAIS EM PESQUISA

Ekaterina Rivera tem uma trajetória profissional e acadêmica de contribuição para a ciência animal, se dedicando a estabelecer uma cultura de cuidado por animais usados em pesquisa e ensino. A médica veterinária teve participação decisiva na elaboração da Lei n° 11794/2008, que regulamenta o uso de animais para fins científicos.

 

E como tudo isso começou? Dra. Ekaterina é servidora técnico-administrativa aposentada da UFG e foi coordenadora do Biotério Central da instituição de 1979 a 2014, local onde são criados os animais destinados às pesquisas. Quando foi designada para assumir a unidade, ela se sentiu deficiente para fazer bem o trabalho, pois durante a graduação em medicina veterinária não havia essa disciplina. Diante disso, investiu em conhecimento na área e foi fazer mestrado em Ciência de Animais de Laboratório pela Royal Veterinary College, University Of London, na Inglaterra.

“À medida em que ia fazendo meu curso um mundo novo se abria à minha frente, me surpreendendo e me encantando. Era enfatizado o uso ético dos animais usados em pesquisa e o bem-estar dos mesmos priorizado. Ao voltar e me deparar com uma realidade diferente em nosso país decidi que algo deveria ser feito neste sentido.” A médica veterinária relata que o trabalho foi se desenvolvendo devagar. “O novo excita a curiosidade, mas também assusta, e romper com práticas arraigadas requer não só um trabalho de convencimento como de muita persistência”, reflete.

Então, a profissional e alguns colegas começaram a pensar que o Brasil deveria ter uma lei que regulamentasse o uso de animais em pesquisa para colocar limites no uso dos mesmos. “Porém, passar um projeto de lei não é fácil. Decidimos procurar caminhos alternativos, enquanto a lei tramitava no Congresso Nacional, onde ficou por 13 anos. Começamos a propor palestras na área da Ciência de Animais de Laboratório, a elaborar cursos na área para pesquisadores e alunos de pós graduação. Outro passo, o qual considero da maior importância, foi conseguir formar Comissões de Ética nas Instituições de Ensino Superior. Essas Comissões têm o papel de avaliar a questão ética de um projeto de pesquisa proposto, para que não se cause dor e sofrimento aos animais utilizados e para que seja utilizado o menor número possível de animais. Também devem avaliar se não há um método alternativo para seu projeto que não utilize animais”, explica a médica veterinária, acrescentando que, quando a Lei n° 11794/2008 foi aprovada, regulamentou as Comissões de Ética e também criou o Conselho Nacional do Controle da Experimentação Animal (CONCEA), que dentre suas competências elabora e normatiza os procedimentos do uso de animais em ensino e pesquisa no Brasil.

“Outro grande fato é que se conseguiu a eliminação quase que total do uso de animais em ensino de graduação, somente sendo permitido em casos especiais.” Nestes 40 anos de trabalho na área da Ciência de Animais de Laboratório, uma das grandes satisfações de Ekaterina “foi ter conseguido sensibilizar os usuários de animais, sejam estes médicos veterinários, pesquisadores, alunos, técnicos, sobre  a importância dos seres vivos com os quais trabalhamos buscando ajuda-los a manter seu bem-estar e tendo a ética como norte”, destaca.  

Depois de se aposentar pela UFG, Ekaterina Rivera continua atuando como pesquisadora voluntária, assessorando sua área de atuação e é coordenadora do CONCEA. Também é presidente da Comissão de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-GO), Secretária-Geral do Conselho Internacional da Ciência de Animais de Laboratório (ICLAS) e vice-presidente da Federação Sul-Americana da Ciência de Animais de Laboratório (FESSACAL). “E sou membro ad hoc de algumas organizações, dando palestras e escrevendo bastante. Enfim, trabalho não falta!”

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MULHERES NA CIÊNCIA

Dra. Ekaterina confirma que as mulheres estão muito presentes no desenvolvimento da ciência, em alguns campos há maior número de mulheres do que homens. Segundo ela, pesquisadoras e cientistas estão em todas as áreas da ciência, destacando-se e sendo reconhecidas. “Ao olhar ao meu redor me surpreendo, cada dia mais, com a capacidade de trabalho, conhecimento, profissionalismo e ética demonstrados pelas mulheres cientistas, que assim vão derrubando preconceitos, ganhando reconhecimento e, que juntas com os homens, fazem a grandeza de nosso país”, destaca.

A médica veterinária, que iniciou a carreira na Nicarágua, ainda diz que nunca sofreu preconceito onde quer que tenha trabalhado e que, no Brasil, as mulheres veterinárias são respeitadas.

 

“Comecei minha carreira profissional na Nicarágua, fui a primeira médica veterinária da América Central. Naquela época a sociedade era extremamente machista, mas jamais sofri qualquer tipo de preconceito, inclusive fui muito respeitada profissionalmente. Se contar que fui a veterinária responsável pelos cavalos do Comandante do Exército em Estelí, braço direito do ditador Somoza, que não admitia outro veterinário a não ser a minha pessoa.  Ao voltar para o Brasil também nunca tive este problema. Talvez uma das razões seja porque, na minha cabeça, me sentia tão capacitada quanto qualquer colega homem. E, na minha formação profissional nossos professores não faziam distinção entre alunos e alunas, o que me deu uma atitude de segurança. Posso dizer que em nosso país não sinto tanto preconceito quanto em outros, com respeito a mulheres veterinárias”, ressalta.  

 

GOIANA DE CORAÇÃO

Ekaterina nasceu no Rio Grande do Sul. Quando completou o curso de Medicina Veterinária, e por ter casado com um colega médico veterinário nicaraguense, foi morar na Nicarágua, onde viveu por sete anos. Vieram ao Brasil a passeio e o esposo recebeu uma oferta de trabalho em Porto Alegre, o que não deu certo. “Surgiu, então, um convite para trabalhar em Goiás e viemos para cá, em 1979, sem ter noção de como seria esta parte do Brasil. Lembre-se que, à época, o acesso às informações era bastante precário”, relembra.

 

O nome e sobrenomes de Ekaterina são de origem russa. O pai era russo e veio para o Brasil no início dos anos 30. Mesmo morando aqui, conservou algumas das tradições do seu país, dentre elas a questão do nome dos filhos. “Era costume escolher um nome que era seguido do patronímico, isto é, do nome do pai ou de um ascendente masculino. Com minha mãe decidiram que as filhas usariam o patronímico Akimovna, que significa filha de Akim, nome russo do meu pai, e, se fosse filho, se chamaria Akimovitch, filho de Akim. Quando nasci recebi o nome de Ekaterina Akimovna e Botovchenco é o sobrenome do meu pai”, conta a médica veterinária.

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GOSTO PELO SABER

Para os pais da Dra. Ekaterina a cultura era soberana e sempre foi apresentada com o exemplo da forma como viviam. Eles moravam em uma pequena vila, no interior do Rio Grande do Sul, onde o pai era o médico e a mãe diretora da escola. “Eles queriam que toda a vila adquirisse cultura e foram incansáveis neste sentido. O pai organizou o coral da igreja, a mãe organizou um teatro, dentre outras atividades culturais. Para os filhos eles tiveram a felicidade de contar com a babushka, senhora russa de grande cultura que ensinava francês e russo para as crianças”, relembrando também que os pais colocavam o brincar como muito importante e, muitas vezes brincavam com eles.

A leitura estava sempre presente na família. “Nossos pais também nunca deixaram de escrever para jornais, de fazer cursos (por correspondência). Escreveram também contos sobre a sua vida, vida familiar, tradições da pequena vila. Inclusive estamos tentando organizar um livro com estes contos.  A casa sempre foi cheia de livros, revistas e, um hábito que ficou arraigado em todos nós foi o de ler antes de dormir.”

 

Portanto, a importância do conhecimento a médica veterinária conhece desde pequena. “Nossos pais sempre nos ensinaram que ninguém nos tira o saber, e que o verdadeiro saber gera humildade, pois se somos muito bons em uma área, seja arte, seja ciência, não importa, há uma infinidade de áreas nas quais não somos nada.”

 

Ekaterina Rivera acredita ser “muito importante não só que as crianças adquiram cultura, mas que a associem com respeito e empatia pelo próximo, se não é uma cultura egoísta, vazia. Meu esposo também gostava de ler e por ser a língua hispana sua língua mãe, a cultura centro americana e a língua espanhola faziam parte do nosso dia a dia. Cada família tem suas prioridades e, para nós, viagens, morar no exterior, conhecer outras culturas sempre fizeram parte de nossas vidas.  E, existe melhor forma de se adquirir cultura? Cultura tem que ser prazer!”

 

GRATIDÃO À VIDA

Sem pensar duas vezes, Ekaterina Rivera tem de prontidão a resposta sobre as mulheres que inspiram sua trajetória: a mãe e a babushka, vó russa. “Elas forjaram meu caráter, me incutiram o entusiasmo pelo saber e pela vida, minha mãe passando para mim seu espírito infantil para tornar a vida mais leve. Ela era uma pedagoga excepcional, tendo atuado em várias instituições de ensino, dentre elas a do Abrigo de Menores (FEBEM), onde conseguiu tirar vários meninos do caminho do crime, muitos se tornaram engenheiros, médicos, etc.. E até hoje é homenageada e me emociono ao ouvir histórias de seus ex-alunos, falando com carinho dela. E, com os filhos já grandes pôs-se a estudar inglês e francês. Nossa babushka com seu senso de responsabilidade e de respeito pelo outro, a não desistir nunca, a ser forte. Ela, que tanto sofreu com revoluções, guerras, perda da família, estava sempre louvando a vida e nos mostrando como é bela. E, sempre tinha um olhar de interesse por tudo o que nós falávamos ou fazíamos”, detalha referindo-se com orgulho das duas.

 

A premiada médica veterinária reconhece a relevância que as relações pessoais e profissionais tiveram para sua trajetória de conquistas e sucesso.

“Sempre falo que gratidão é o que sinto por tudo o que a vida me apresentou, muitas vezes não tão fácil, mas cada minuto foi precioso e aproveitei todos os momentos e oportunidades que me foram dadas. Principalmente, gratidão pela família que tive e a que formei, e a tantas pessoas que passam em silêncio pela nossa vida e que ajudam a construí-la.”

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