top of page
banner-hotsite-geovana1.png

geovana

Menina dourada do atletismo

Sobre

“. “Vi que aquilo era muito bom pra mim, porque eu me sentia viva. Procurei me adaptar mais e estou no esporte até hoje””

(Geovana Rodrigues)

Portfólio
Galeria
IMG_20190928_093359_885.jpg

GEOVANA RODRIGUES 

Atleta paralímpica, menina dourada do atletismo

Goiana, atleta paralímpica de atletismo, campeã parapanamericana, melhor atleta do ano 2019 e 2020 da Federação Goiana de Desportos Universitários, graduanda em Educação Física, autora de livro e cujo lema de vida é #mudeoimpossível. Resumidamente, essa é a biografia de Geovana Ramos Rodrigues, de 22 anos, que desde os sete anos representa Goiás e o Brasil em competições de atletismo nacionais e internacionais.

A primeira medalha de Geovana veio em 2009 e o total conquistado até aqui ela já perdeu a conta. A última foi em janeiro de 2020, dois ouros conquistados em Brasília (as competições estão paralisadas por conta da pandemia). Mas tem uma muito especial que é o sonho da jovem atleta: uma medalha dos Jogos Paralímpicos. E ela tentará uma classificação para os Jogos de Tóquio, previstos para agosto e setembro deste ano.

O ESPORTE EM SUA VIDA

Geovana procurou o esporte incentivada por uma professora de educação física do ensino fundamental. E o interesse desde o início foi pelo atletismo, chegando à competição profissional nas provas de 100 metros, lançamento de dardo e salto em distância. A primeira participação em uma prova, aos sete anos, foi no circuito da Caixa Econômica Federal e logo de cara ela gostou da adrenalina. “Vi que aquilo era muito bom pra mim, porque eu me sentia viva. Procurei me adaptar mais e estou no esporte até hoje”, recorda.

Em 2011, foi descoberta por José Adriano Bispo de Araújo, o Jabá, onde surgiu o convite para começar o treinamento. Logo em seguida, no mesmo ano, veio a primeira competição profissional, uma viagem para São Paulo para as Paralímpiadas Escolares, que foi um marco para sua carreira. “Eu falei: ‘eu quero isso pra mim’. Lá vi que eu não era a única que tinha deficiência, diversas pessoas tinham a mesma limitação. Sou apaixonada pelo esporte”, declara Geovana, cuja paixão foi determinante para sua escolha em cursar a faculdade de Educação Física, em uma universidade pública. Ela está no sétimo período e, inclusive, dá aulas de atletismo para crianças de até seis anos de idade no Estádio Olímpico. E mesmo ainda tão jovem, já deixa um sábio conselho para seus alunos. “Eu acabo sendo um exemplo para os meus alunos. E eu falo pra eles que, se eles querem um sonho, corram atrás assim como fiz.” Geovana pretende seguir os estudos e ter uma pós-graduação na área de educação física adaptada para deficientes.

c3b14c79-9868-4c3a-ac64-efc079d2a0f7.JPG

MEDALHISTA DE OURO

Sobre as competições, Geovana descreve com carinho especial os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), que passaram a incluir modalidades paralímpicas. Em 2017, ela fez sua estreia no JUBs, cuja edição aconteceu em Goiânia e, de cara, a atleta conquistou três medalhas de ouro. “A energia de quando é dentro da nossa própria casa é muito boa.” Ainda, a jovem destaca o Fisu America Games, realizado em São Paulo em 2018, uma competição internacional que reúne atletas olímpicos e paralímpicos de vários países, da qual ela voltou pra casa com dois ouros e uma prata.      

#MUDEOIMPOSSÍVEL

 #mudeoimpossível é uma campanha do Comitê Paralímpico Brasileiro, que mexeu com Geovana. “Quando vi, me tocou muito e falei ‘gente, é minha cara’. Porque eu gosto dos desafios e isso é muito significante pra mim: mudar o impossível!”

 

A convivência com outros atletas paralímpicos faz Geovana se “sentir em casa”. Para ela, a sociedade precisa enxergar que “não existe limitação para os atletas com deficiência. A gente faz acontecer da mesma forma, e até melhor”, comparando o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Apesar de conquistarem um maior número de medalhas, ela lamenta a falta de patrocínios para os atletas com deficiência. Atualmente, Geovana tem apenas o bolsa atleta e está em busca de um patrocinador do setor privado.

 

A jovem acredita que as empresas deveriam investir mais em atletas paralímpicos, pois isso “traria visibilidade e reconhecimento diante dos resultados conquistados pelo atleta patrocinado.” Falando em visibilidade, ela, inclusive, foi convidada para ser uma das autoras do livro ““Visibilidade do Esporte e Atleta Paralímpico”, produzido e lançado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Acesse AQUI.  

 

Geovana já concedeu várias entrevistas contando sua trajetória, inclusive para o apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, e vive contando sua história em palestras. Nesse dia, “meu pai e minha mãe ficaram em frente à televisão igual bobos.” Mas ela diz que, ainda, não se acostumou. “É uma experiência muita boa, mas antes eu fico muito nervosa, me tremendo toda, como fiquei hoje antes da gente começar a conversar”, disse sobre a entrevista concedida ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), por videochamada no dia 11 de março. Dessas experiências, o conselho que ouviu de uma senhora durante uma conversa com pessoas da terceira idade a marcou pra sempre. “Ela disse pra nunca me deixar abalar com o preconceito em si e que eu sou a prova viva do que sou capaz.”  

df1ffdbb-1d72-44fc-9d91-10caea519303.JPG

ROTINA DE ATLETA

No início da carreira, ainda criança, a mãe Cleusa Maria Rodrigues era quem acompanhava a filha na rotina de treinos e competições. Quando começou, Geovana competia com atletas sem deficiência. Dessa época até 2017, a jovem não recebeu patrocínio algum e contava com a ajuda da família, de parentes, amigos e vizinhos para poder viajar para as competições. Depois de um tempo, o pai de Geovana, Ronaldo Rodrigues de Abreu, passou a acompanhá-la e, só depois dos 18 anos, ela passou a ir para os treinos sozinha. Há dois anos, seu treinador é Pedro Paulo Lemes, “uma pessoa muito especial pra mim”, declara a atleta, acrescentando que, aos poucos, eles têm conseguido adaptar a academia para treinamentos melhores.

E a rotina de uma atleta é intensa. De manhã, a faculdade e, na parte da tarde, os treinos, que são feitos religiosamente seis vezes por semana (de segunda a sábado), durante duas horas. E, à noite, mais aulas e os estudos do curso de Educação Física. Com a pandemia, ela mantém o acompanhamento nutricional e os treinos de condicionamento físico na academia, fundamentais para que ela mantenha sua condição física até a chegada das próximas competições.

Atleta.jpeg
74d1f0b7-f466-4560-bbfd-eb5f6233fe47.JPG

O NASCIMENTO E AS CIRURGIAS

Geovana nasceu em São Miguel do Araguaia – sua mãe Cleusa Maria Rodrigues tinha ido ficar junto da família pra dar à luz seu segundo filho. A atleta é a filha do meio e tem dois irmãos: Fellipe Ramos Rodrigues e Luana Ramos Rodrigues. Segundo a mãe, Geovana nasceu do “tamanho de uma caixa de sapato”. Ao dar à luz, os médicos disseram que a menina sobreviveria por 24 horas, pois nascera com hidrocefalia. Hidrocefalia uma condição caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido dentro do crânio que leva ao inchaço e ao aumento de pressão cerebral. No caso de Geovana, a hidrocefalia causou sequelas na perna e no braço do lado direito.

 

Depois de um período de UTI e internação, aos três meses de vida ela passou pela primeira cirurgia. Depois foram outras duas, em 2004, e a última em 2019, para a colocação de uma válvula, que, simplificadamente, é um cateter que fica em contato com o líquido dentro do cérebro e está ligado a uma válvula que limita a quantidade de líquido a ser drenado. A outra extremidade do cateter é passada por baixo da pele até outra parte do corpo, geralmente o abdômen. E ela demonstra muito orgulho pelas quatro cicatrizes que tem na barriga.  

 

O esporte surgiu em vida exatamente para driblar a sua deficiência. “Eu vi que não podia deixar a deficiência tomar conta de mim, porque, senão, eu iria ficar acamada e não era isso que queria pra mim. Procurei o esporte para reverter aquilo que as pessoas me falavam, a minha limitação.”

UMA TRAGÉDIA A FEZ PARAR DE CORRER

Até 2013, Geovana competia em três modalidades – corrida de 100 metros, lançamento de dardo e salto em distância. Mas neste ano, um motociclista bêbado a atropelou enquanto ela terminava a travessia de uma faixa de pedestre voltando da escola. A consequência? Ela passou por uma cirurgia e precisou colocar uma placa de platina em sua perna direita, a mesma perna com sequelas pela hidrocefalia. Com isso, a perna acaba pesando e a atleta parou de competir na modalidade dos 100 metros.  

O PRECONCEITO VINDO DE PROFESSORAS

Da sua vida escolar, Geovana tem boas recordações. “Nunca sofri preconceito, as professoras impunham aos alunos o respeito por mim. E eu cresci com isso na cabeça e, quando alguém tenta fazer algum tipo de discriminação comigo, as pessoas dizem que eu acabo dando uma lição de moral no outro”, diz a jovem com humor, para quem o apoio da família é essencial para essa autoestima.  

 

Mas engana-se quem imagina que ela não passou por situações de preconceito e justamente vindas de quem deveria ser exemplo. No início da faculdade, professoras universitárias a discriminaram – exatamente isso, outras mulheres a julgaram incapaz. Uma delas chegou a dizer para Geovana que ela “não seria ninguém na vida e não conseguiria se formar”. Mas a resposta veio. “Vou fazer questão de te mostrar meu diploma”. E é o que a jovem, que está no sétimo período, conseguirá fazer, se dedicando bastante aos estudos e com apoio dos colegas.   

 

Em outro episódio, ainda no ensino fundamental, uma professora a acusou de estar colando uma tarefa quando, na verdade, seu colega só estava instruindo-a. Mandada para a coordenação do colégio, todos os alunos da turma foram junto para defendê-la. Apesar do episódio, Geovana tem imenso orgulho da escola onde fez todo o ensino fundamental – ela pegava o ônibus às 5h30 para ir para a escola. “Eu falo que meus filhos vão estudar lá e eu quero trabalhar lá também.” 

 

Hoje em dia, conta Geovana, as pessoas a questionam se ela pode namorar, casar e ter filhos. À ignorância, ela responde “eu sou um ser humano, eu posso tudo.”    

O APOIO MAIS IMPORTANTE

Geovana considera essencial todo o apoio que recebe da família, dos parentes mais próximos, como madrinhas e padrinhos, dos professores de educação física e treinadores e dos colegas da academia onde treina. No entanto, a base principal vem dela mesma. “Eu tenho que me apoiar, ter uma boa mentalidade para lidar com isso”, explica a atleta que já pensou em desistir pelas dificuldades com a falta de patrocínio.  

 

Emocionada, Geovana elege sua mãe, Cleusa Maria Rodrigues, como A MULHER que a inspira. “Ela viu tudo que eu passei e passo até hoje em relação a minha deficiência. E era uma coisa que ela também não sabia o que estava acontecendo. Hoje em dia, a gente tira isso de letra.”   

 

Mas outras mulheres também são exemplos para Geovana: a irmã Luana, um ano mais nova; as madrinhas Izaura Marcela Tolentino e Elza Santos; e as professoras do ensino fundamental, “que sempre me protegiam”, completa a jovem. E, às mulheres com deficiência, ela deixa um recado: “Não desistam, porque vocês são capazes e são fortes.”

854182e5-dbce-408b-9a23-63d104428907.JPG
logo tjgo.png
  • Ícone do Instagram Cinza
  • Ícone do Facebook Cinza
  • Ícone do Youtube Cinza
bottom of page